25/07/2013 12h30 - Atualizado em 08/10/2021 17h54

Seringueira: Pesquisa e Desenvolvimento no Espírito Santo


A cultura da seringueira foi introduzida no Espírito Santo no início da década de 1960. O primeiro seringal para fins comerciais foi implantado no município de Vila Velha e tinha como objetivo desmistificar o paradigma de que a seringueira só se desenvolvia na região Amazônica. Esse seringal, inclusive, ficou conhecido como Tira Teima. Desde esse período, são realizadas pesquisas na área de seringueira, o que tem contribuído para que o Estado ocupe o quarto lugar no ranking nacional de produção de borracha.

Os trabalhos de pesquisa com seringueira começaram a ser desenvolvidos no Espírito Santo assim que o Estado ingressou no Programa de Incentivo à Produção de Borracha Natural (Probor) II, do Governo Federal, em meados de 1979. “Essa inserção no programa ocorreu devido ao fato de os dados da produção capixaba de borracha serem bem superiores aos da média nacional na época. Além disso, o clima regional não oferecia condições para o desenvolvimento da principal doença da seringueira, o mal das folhas, causada pelo fungo Microcyclus ulei, explica o extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Itamar Alvino de Souza.

A história

Ele registra que a entrada do Espírito Santo no Probor II só foi possível devido à ação da Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Superintendência do Desenvolvimento da Borracha (SUDHEVEA), por meio do Centro Nacional de Pesquisa da Seringueira Dendê.

“A produção e distribuição de mudas enxertadas, a formação de jardins clonais e a condução do programa de pesquisa ficaram sob a responsabilidade do Incaper, que na época respondia como Empresa Capixaba de Pesquisa (Emcapa)”, relatou Itamar. Ele também explica que, inicialmente, os viveiros de mudas foram implantados nas Fazendas Experimentais de Viana e Engenheiro Reginaldo Conde, em Jucuruaba, também em Viana. Já as áreas a serem plantadas ficaram localizadas nos municípios de Guarapari, Serra, Viana e Vila Velha, devido à sua proximidade com o seringal Tira Teima. “Nos anos seguintes, o plantio foi ampliado para quase todos os municípios do Estado”, disse Itamar.

Entre as ações e trabalhos na área de seringueira realizados nos primeiros anos de plantio no Estado estão a obtenção de mudas de seringueira; o consórcio entre seringueira e cacau; a conservação do poder germinativo de sementes; a adubação mineral em viveiros; o controle de plantas daninhas; a flutuação populacional do Erinnis ello, mariposa cuja lagarta ataca as folhas da seringueira; avaliação de leguminosas em consórcio com seringueira; epidemiologia do mal das folhas da seringueira; unidade de observação de sangria, que foi instalada na Fazenda Simpatia, em Anchieta.

“Podemos destacar que os experimentos de competição de clones de seringueiras, desenvolvidos em condições edafoclimáticas distintas, durante a década de 1980 no Espírito Santo foi uma das principais contribuições da pesquisa pública na área, uma vez que, durante muito tempo, foram avaliados materiais botânicos com os clones RRIM 600, Fx 2261, Fx 3899, IAN 873, IAN 717, IAN 6721, IAC 222, IAC 207, IAN 3156, PB 235, PB252, Fx 3864, Fx 2804, Fx 985 e muitos outos. O clone Fx 3864 foi o que se destacou no cenário agrícola, sendo muito utilizado até os dias de hoje”, relata o pesquisador do Incaper, Paulo Cezar Marques. Ele disse que as principais características desse clone são maior produtividade, menor suscetibilidade a doenças, bom desenvolvimento e boa quantidade de casca no início da sangria.

Pesquisas atuais

Atualmente, os experimentos de pesquisa que estão em andamento no Espírito Santo, por meio do Incaper, são as competições de clones de seringueira em condições edafoclimáticas distintas, nos municípios de Pinheiros e de Cachoeiro de Itapermirim, na Fazenda Experimental de Bananal do Norte, em Pacotuba.

Outra experiência na área é o uso de gesso agrícola (CaSO4) no solo sob seringueira, que tem como objetivo avaliar o aprofundamento do sistema radicular, o que contribui para a diminuição do período de imaturidade da cultura, o aumento da produtividade de borracha e, consequentemente, o aumento da renda do produtor.

Outro projeto em andamento é o consórcio entre seringueira e duas variedades de café Robusta. O espaçamento e o material botânico da seringueira têm sido modificados como forma de proporcionar uma sobrevida para o café.

O terceiro projeto é o consórcio de seringueria com cacau, pelo qual foi modificado o material botânico da seringueira. O espaçamento é de 2,5 metros por 8 metros. Nesse experimento, também serão plantadas as culturas de feijão, milho, abacaxi e leguminosas durante os três primeiros anos e, posteriormente, as essências nativas. Esses trabalhos estão sendo executados no município de Sooretama.

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação – Incaper
Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Luciana Silvestre -luciana.silvestre@incaper.es.gov.br
Carla Einsfeld – assessoria.imprensa@incaper.es.gov.br
Texto: Luciana Silvestre
Tel.: 3636-9865
Twitter: @incaper
Facebook: Incaper
2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard