07/10/2013 12h30 - Atualizado em 07/03/2017 15h31

Plantas medicinais: do saber popular à recomendação pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

O que era indicado pelas avós para o tratamento de enfermidades também passou a ser validado pela ciência. O estudo das plantas medicinais e seus reflexos para a saúde humana tem sido objeto de diversas pesquisas em universidades e institutos de pesquisa aplicada. No Espírito Santo, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) tem contribuído para o aprofundamento do conhecimento nessa área.

De acordo com o professor de química orgânica e produtos naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ricardo Kuster, os estudos sobre plantas medicinais começaram a crescer no Brasil a partir da década de 1970, sendo na década de 1990 o ápice dessas pesquisas. “Esse é um assunto antigo, que tem sido discutido ao longo dos anos, no Brasil, prioritariamente por químicos e farmacêuticos. No entanto, a indústria de medicamentos acabou priorizando os alopáticos ao invés dos fitoterápicos, que são feitos a partir de plantas medicinais, fato que contribuiu para o pouco interesse no efetivo desenvolvimento desses estudos”, explicou Ricardo.

Essa situação, porém, passou por algumas modificações após o lançamento da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos pelo Ministério da Saúde, em 2006, cujo objetivo era desenvolver instrumentos de fomento à pesquisa, tecnologias e inovações com plantas medicinais e fitoterápicos nas diversas fases da cadeia produtiva.

O Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, disponibilizou a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), para, após estudos científicos comprobatórios de sua eficácia e segurança, serem utilizadas para uso oficial. A RENISUS possui 71 plantas medicinais e a Relação Nacional de Medicamentos Oficiais (RENAME) contém 12 medicamentos fitoterápicos liberados para serem produzidos pela indústria e disponibilizados na rede pública de saúde para tratamentos do sistema digestivo, urinário e da pele.

No entanto, ainda é preciso avançar bastante nas pesquisas com plantas medicinais, sobretudo em relação aos estudos clínicos de seus efeitos em seres humanos. “Até o momento, as pesquisas desenvolvidas com plantas medicinais contemplaram questões como a comprovação científica do efeito farmacológico de determinadas plantas, a fim de verificar se o uso popular realmente se verifica; e estudos toxicológicos, que analisam se o uso de determinada planta pode ser prejudicial ao organismo humano. O grande desafio é avançar em ensaios clínicos em seres humanos”, afirmou Ricardo.

Ele disse que a ausência de estudos sobre a composição clínica de plantas medicinais dificulta a prescrição dos medicamentos fitoterápicos. “Sem saber a quantidade necessária do princípio ativo de cada planta para um ser humano, fica difícil para os médicos recomendar os fitoterápicos. Por isso, precisamos produzir plantas medicinais com padronização de princípios ativos, a fim de fornecer matéria-prima de qualidade para uso médico”, disse Ricardo.

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