27/08/2015 10h01 - Atualizado em 07/03/2017 15h09

Oficina do Pedeag 3 debate desafios e oportunidades da cadeia produtiva da pimenta-do-reino


Produtores, pesquisadores e representantes de entidades ligadas à cadeia produtiva da pimenta-do-reino participaram, na manhã desta quinta-feira (27), em São Mateus, da oficina de trabalho do Pedeag 3, realizada na sede da Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopebac). O objetivo foi discutir o presente e o futuro da pimenta-do-reino no Estado.
Durante os trabalhos, os participantes responderam a questionários técnicos que servirão de base para o planejamento de ações voltadas para o desenvolvimento do setor. O especialista convidado para falar sobre as oportunidades e desafios da cadeia produtiva foi o engenheiro agrônomo e produtor de pimenta-do-reino Giordano Bruno Martin.
A abertura da oficina foi feita pelo secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Octaciano Neto, que fez um panorama sobre a agricultura capixaba e brasileira e ressaltou a importância do Pedeag 3 para o desenvolvimento sustentável da agricultura do Estado.
“Estamos trabalhando nosso planejamento com foco na inovação, no empreendedorismo e na sustentabilidade. Ele será formulado a partir da análise de cenários e da elaboração de diagnósticos, identificando oportunidades e desafios, estabelecendo objetivos e metas e definindo programas que possam ser efetivamente implantados”, afirmou Octaciano Neto.

Desafios e oportunidades

O engenheiro agrônomo e produtor Giordano Bruno destacou que a pimenta-do-reino é um dos condimentos mais valorizados, apresenta grande valor econômico e possui alta expressão no mercado de exportação. Ele ressaltou que a pimenta-do-reino é uma cultura predominantemente familiar, com 90% das áreas de plantios no Estado localizadas em propriedades familiares.

Entre os principais desafios do setor listados pelo engenheiro agrônomo estão a limitação de registro de produtos para controle fitossanitário; a falta de recomendação técnica para utilização da pimenta-do-reino em sistemas agroflorestais; o baixo nível de informação sobre nutrição da pimenta-do-reino na região produtora; e a melhoria das tecnologias de pós-colheita.




De acordo com Giordano, a cultura da pimenta-do-reino no Espírito Santo tem crescido muito e por isso deve haver uma queda no preço futuramente. “O produtor e as entidades governamentais e instituições de ensino têm que traçar estratégias para que quando houver alguma queda nos preços nós possamos compensar com o aumento da qualidade de nossa pimenta”, ressaltou.

O engenheiro destacou os cuidados da pós-colheita como uma das principais estratégias de melhoria da qualidade do produto final. Ele citou o exemplo da utilização de fogo indireto nos secadores, afim de evitar doenças como a antracnonas, por exemplo, que é causada pela fumaça direta no processo de secagem.

Segundo o Presidente da Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac), Erasmo Carlos Negris, a cadeia produtiva da pimenta-do-reino têm se organizado devido a um trabalho conjunto dos parceiros que a representam. “O Estado deve investir mais ainda em normas orientativas e preventivas, além de levar assistência técnica e conhecimento aos produtores rurais”, completou.

Produtor fala

Durante as oficinas do Pedeag 3, além de responder a um questionário que vai servir de base para a elaboração de um amplo diagnóstico sobre os setores produtivos em questão, os produtores podem dialogar com outros produtores e com os representantes da Secretaria de Estado da Agricultura e suas vinculadas. O objetivo é ouvir contribuições, sugestões e críticas de todos aqueles que estão envolvidos com a cadeia produtiva em debate.

Para o produtor Adilson Pereira, o grande desafio é a falta de registro de defensivos para pimenta-do-reino. “Precisamos nos profissionalizar e acredito que o planejamento e o debate com todos os envolvidos na cadeia produtiva vai nos ajudar a melhorar a produtividade e a qualidade de nossa pimenta”, afirmou. O produtor Pedro Saconi ressaltou que a pimenta-do-reino deveria ser comercializada em sacos novos, para evitar problemas de contaminação do produto. “Temos que avaliar uma série de fatores que envolvem desde a colheita até a comercialização”.

O engenheiro agrônomo da Cooabriel, Wander Ramos, destacou que a entidade já havia participado da elaboração das duas versões anteriores do Pedeag e que a terceira edição do Plano pode representar a obtenção de novos avanços para os mais variados setores da agropecuária capixaba. “Algumas coisas evoluíram, mas temos espaço para melhorar muito mais. Especificamente em relação à pimenta-do-reino, temos de ter atenção especial aos produtores, ampliar a assistência técnica e a extensão rural. “Um dos grandes gargalos diz respeito à nutrição da pimenta-do-reino e à qualificação da mão-de-obra no campo, por exemplo”, pontuou.


Pimenta-do-reino

A pimenta-do-reino, um dos condimentos mais valorizados do mundo, apresenta grande valor econômico e alta expressão no mercado de exportação. O Espírito Santo é o segundo maior produtor de pimenta-do-reino do Brasil, respondendo por 15,38% da produção. Em primeiro lugar está o Estado do Pará, que concentra 74,40% da produção nacional.

No Espírito Santo, 80% da área cultivada é irrigada, fazendo com que a produtividade aqui seja maior quando comparada com a de outros estados. A produção capixaba é de mais de 7 mil toneladas por ano, em uma área total de 3.957 hectares, sendo 90% das áreas de plantios estão localizados em propriedades de base familiar.

A expansão da pimenta-do-reino tem viabilizado a inserção de outras condimentares na região produtora: Aroeira e Urucum, que têm importância por aumentar a gama de produtos para atração de agroindústrias para a região. A regionalização da pimenta-do-reino possibilitou o financiamento para os produtores via Bandes e Banco do Brasil (PRONAF).

Segundo dados do setor de estatística das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa/ES), a pimenta-do-reino em 2015 mantem o preço médio do quilo praticado no mercado a R$ 10,86.

Cenário NACIONAL (IBGE, 2014)

• Estado do Pará: 74,40 % da produção
• Espírito Santo: 15,38% da produção
• Bahia: 9,24% da produção


No Espírito Santo:
(IBGE 2014)

Produção: 7.290 ton
Área Total: 3.957 ha
Área colhida: 2.565 ha
Produtividade: 2,84 ton/ha
Aumento de 12,6% da área colhida e redução de 12,2% da produção em relação a 2006.

O PEDEAG

O PEDEAG 3 será formulado a partir da análise de cenários e da elaboração de diagnósticos, identificando oportunidades e desafios, estabelecendo objetivos e metas e definindo programas e iniciativas. Serão realizadas 52 oficinas de trabalho que irão contar com a participação de produtores rurais e representantes das principais cadeias produtivas do sistema agrícola capixaba.

Tudo isso alinhado com a análise de temas transversais, tais como capital humano, sustentabilidade, tecnologia e capacidade de inovação, organização da produção, logística e comercialização, dentre outras.

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