20/07/2015 08h29 - Atualizado em 07/03/2017 15h08

Estado recebe representantes da cafeicultura da África



Quatro pesquisadores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) participaram de uma reunião, na quinta-feira (16), com nove representantes do café Robusta dos países Kenya, Tanzânia e Uganda, na África. O objetivo da visita ao Estado foi conhecer de perto as pesquisas e tecnologias desenvolvidas pela instituição e estabelecer parcerias de interesse mútuo.


O pesquisador e chefe da Área de Pesquisa do Incaper, José Aires Ventura, além de dar as boas-vindas aos africanos, falou sobre o Instituto. Troca de conhecimento entre os pesquisadores e extensionistas, qualificação dos profissionais, facilidade de criação de parcerias e convênios, atendimento das demandas aos municípios e cooperação com os cursos de mestrado e pós-doutorado, fizeram parte do cenário apresentado.


José Aires também apresentou dados sobre os trabalhos na área de fruticultura – a produção de mamão que possibilitou ao Brasil exportar a fruta para os Estados Unidos, por exemplo – e comentou sobre o impacto econômico positivo que as 25 tecnologias avaliadas no último balanço social (2013) trouxeram ao Espírito Santo.


Por fim, Aires nomeou as parcerias nacionais e internacionais firmadas com o Incaper. “O Incaper segue as leis brasileiras e poderá fazer convênios diretos ou por vias diplomáticas”, completou.



Segundo Joseph Nkandu, gestor de uma instituição de pesquisa em Uganda, a geração de conhecimento que existe no Incaper é que motivou a curiosidade de vir ao Brasil. “Acho que temos muita riqueza do material genético na África e, por outro lado, o Brasil é rico no que se refere à capacidade das pessoas e das tecnologias”.


O pesquisador e coordenador do Programa de Cafeicultura do Incaper, Romário Gava Ferrão, fascinou os visitantes ao contar a história do surgimento do Conilon no Espírito Santo e relatar um pouco dos mais de 20 anos de pesquisas e desafios.



Informações como, a evolução do Conilon após a intervenção das pesquisas do Incaper, investimentos em melhoria de qualidade, desenvolvimento de novas variedades, os 60 projetos voltados para o Conilon e Arábica, o surgimento das variedades clonais (Diamante, Jequitibá e Centenária), práticas de manuseio, irrigação e melhoramento genético, foram só uma parte de todas as informações que embarcaram a curiosidade dos africanos.



Romário relembrou aos visitantes que a cafeicultura no Espírito Santo está planejada até 2025 e que “o foco das pesquisas é totalmente voltado para a sustentabilidade, produtividade e qualidade”.


Também estavam presentes os pesquisadores do Instituto, Aymbiré Fonseca e Maria Amélia Gava Ferrão, que contribuíram com novas informações.


Para Aymbiré Fonseca, são países que detêm diferentes expertises em diferentes áreas do conhecimento e por esta razão podemos colaborar mutuamente, visando acelerar o desenvolvimento de cada um.


“A vasta experiência tanto com café arábica quanto robustas, desde no processo de produção de cafés de qualidade reconhecida, quanto por exemplo, na reprodução assexuada do café arábica, que muito nos interessa”, disse Aymbiré. “Parcerias com países africanos podem proporcionar ao Brasil, a ampliação da base genética aqui existente, a partir de introduções de novos genótipos da África, que é o centro de origem do café e onde encontra-se a mais expressiva diversidade genética do Gênero”, concluiu.


Posteriormente, foi a vez de cada um discorrer sobre a produção cafeeira em seus respectivos países e, ao final, todos dialogaram sobre as técnicas, investimentos em pesquisa e tecnologias, além dos próximos desafios para a produção do Conilon.


Produção de Robusta nos três países


Produção total aproximadamente:


Uganda – 3 milhões e 500 mil sacas;

Kenya – 900 mil sacas;

Tanzânia – 700 mil sacas;


Segundo informações dos representantes, a produtividade nos três países é muito baixa e gira em média de nove a dez sacas/ha.


Visita técnica a lavoura de café Conilon


Na manhã desta sexta-feira (17), os mesmos pesquisadores foram com os africanos visitar quatro propriedades rurais em Timbuí, para mostrar de perto como as tecnologias desenvolvidas pelo Incaper chegam até o produtor rural.



Na ocasião, os pesquisadores José Antônio Lani, Paulo Sérgio Volpi e Abraão Carlos Verdin juntaram-se ao grupo e acompanharam as visitas e contribuíram com informações técnicas e esclarecendo as dúvidas de campo.



Em todas as propriedades eles receberam instruções referentes à uniformidade, condições climáticas, maturação, genética, tolerância ao clima, jardins clonais, mão de obra, durabilidade dos materiais, a evolução das plantações, técnicas de manuseio, irrigação, adubação e pulverização, controle de pragas e doenças, custos de produção e os próximos desafios.





Para o pesquisador José Antônio Lani, quando se trata de um contexto social, os três países se assemelham ao Espírito Santo porque são compostos pela agricultura familiar. “São pessoas humildes e por isso, podemos trocar as nossas tecnologias afim de facilitar aquelas famílias”, disse.

“Vejo muitas oportunidades de cooperação, como pesquisas de material genético e desenvolvimento clonal, até aumentar o nosso consumo doméstico, por exemplo”, contou Magesa Jeremial Marco, pesquisador de café na Tanzânia.



Para Martin Ngare, diretor de uma empresa de pesquisa em Ruirú, no Kenya, a cafeicultura na África ainda é precária e, devido a isso, o objetivo é adotar mais tecnologias para diminuir o custo da mão de obra, além de ter uma cafeicultura mais sustentável.


“Agradecemos pela transferência de conhecimento e por terem parado os seus trabalhos para nos acolher. O futuro do café pode ser brilhante por conta dessa cooperação entre Brasil e África” completou Martin.

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação do Incaper
Juliana Esteves – juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Tatiana Caus -tatianacaus@seag.es.gov.br
Texto: Tatiana Caus
Telefones: (27) 3636-3673/ (27) 3636-3689/ (27) 3636-3659/ (27) 98849-6999
2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard