19/06/2015 12h05 - Atualizado em 07/03/2017 15h07

Cores da Terra abarca oportunidade e sustentabilidade



Nos dias 24 e 25 de junho, pessoas de todas as idades, interessadas e curiosas em conhecer o projeto “Cores da Terra” vão ficar à vontade para pintar, criar e inovar, a partir de terras de várias tonalidades, por meio de uma técnica simples, criativa e de cunho sustentável. A capacitação irá acontecer em uma casa do Projeto Tamar, em Linhares, e será direcionada pelo extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Daniel Duarte.

A tinta usada é feita à base de solo e os materiais são de fácil manejo e obtenção, baixo custo e sustentáveis do ponto de vista ambiental. O material é preparado pela adição de cola branca a uma mistura de terra e água. Ela também pode ser aplicada em paredes das residências, construções rurais, dentre outras possibilidades, incluindo a utilização em artesanato. Essa última, tem sido usada por agricultores familiares que produzem artesanato como alternativa de renda e também por artesãos e artistas plásticos dos municípios do interior capixaba, em substituição às tintas convencionais.

Segundo Rachel Quandt Dias, coordenadora do projeto, os participantes dos cursos têm aderido significativamente à tecnologia apresentada. Ela afirmou que pode ser percebida a satisfação dos usuários em relação aos resultados e a admiração por si próprios, justamente por utilizarem um produto que eles mesmo confeccionaram e com a vantagem do baixo custo de produção. Além disso, não existem elementos tóxicos ou corrosivos em sua composição, que poderiam ser prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente.

“A curiosidade pela tinta ecológica proporciona aos participantes uma vontade ainda maior de continuar o trabalho, mostrar para os familiares e vizinhos, aumentando assim o número de multiplicadores do projeto”, disse.

A artesã Maria Alice Capucho, moradora de Nova Venécia, começou a utilizar a técnica de produção de tinta em terra em 2008, após um curso realizado pelo Incaper. Ela instalou um ateliê onde expõe e comercializa os artesanatos produzidos, com a aplicação de tinta sobre madeiras, cerâmicas, telas e objetos decorativos.

“Com isso, a tecnologia vem agregando valor às peças e, após a instalação do meu ateliê, percebi que houve um aumento na minha renda familiar”, contou Maria Alice. Ela também utiliza a tinta na produção de artesanatos materiais, descartados por indústrias e domicílios, que são reutilizados e transformados em obras de arte. “Reaproveito e faço arte com aquilo que é descartado, utilizando a tinta ecológica”.

De acordo com o extensionista do Incaper Daniel Duarte, todos terão a oportunidade de apostar a sua criatividade e se expressar de forma inteira. “Além disso, eles podem dar um toque diferente na paisagem rural, proporcionando uma nova alternativa de renda a partir do acabamento de peças decorativas e utilitárias para serem comercializadas, por exemplo”, completou.

O surgimento do Projeto Cores da Terra

A criação da tecnologia social, conhecida como “Cores da Terra”, iniciou-se no Espírito Santo em março de 2007. Na ocasião, os extensionistas rurais do Incaper que compunham a equipe organizadora do 5º Congresso Brasileiro de Agroecologia (5º CBA) buscavam por materiais mais sustentáveis para serem utilizados na estrutura do evento (painéis, estandes, peças de divulgação, etc.) e que, ao mesmo tempo, representasse as comunidades rurais sob a perspectiva agroecológica.

A partir de então, foi organizada uma oficina de “Cores da Terra” em parceria com pesquisadores do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa-MG (UFV), que conduziam estudos e experimentos sobre a produção e aplicação das tintas de terra. Na ocasião, foi confeccionado o painel principal utilizado no 5º CBA e iniciado o processo de divulgação da tecnologia no Estado, que passou a ser difundida pelos multiplicadores formados nesta primeira oficina, tendo como participantes extensionistas rurais e técnicos de prefeituras, agricultores familiares, artesãos e artistas plásticos, pintores, professores e alunos de escolas agrícolas, dentre outros.

Resultados Alcançados no Espírito Santo

Nos anos de 2007 e 2008, o Incaper, com o apoio dos pesquisadores da UFV (MG), realizou quatro cursos nos municípios de Linhares, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina e Venda Nova do Imigrante. Ao todo, foram formados 118 multiplicadores e a difusão da tecnologia transcorreu nos anos seguintes, sendo impulsionada a partir de 2011.

Desde então, novos cursos têm sido realizados pelo Incaper, mais recentemente nos municípios de Castelo, Marilândia, Piúma, Conceição da Barra, São Mateus, Boa Esperança, Pinheiros, Pancas, Alegre e Nova Venécia, totalizando mais de 1.300 pessoas capacitadas, com estimativa superior a 4.000 pessoas conhecedoras da tecnologia.

“Foram ministrados cursos para capacitar as pessoas na produção de tinta ecológica, abordando também aspectos de educação ambiental e atividades relacionadas ao ecoturismo e sustentabilidade com o público-alvo do projeto”, lembrou Rachel Quandt Dias.

O curso é gratuito, não tem um número limitado e qualquer pessoa pode participar.

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação do Incaper
Juliana Esteves – juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Tatiana Caus – tatianacaus@seag.es.gov.br
Texto: Tatiana Caus
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