Seag visita produtores de cafés especiais na região do Caxixe
Seag visita produtores de cafés especiais na região do Caxixe
Na região também foi possível conhecer uma agroindústria administrada somente por mulheres.
O secretário Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Paulo Foletto, realizou, nessa terça-feira (27), uma visita técnica às propriedades e empresas produtoras de café no distrito de Alto Caxixe, em Venda Nova do Imigrante, e do Caxixe Quente, em Castelo. A visita contou com a participação de técnicos do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e teve o objetivo identificar os produtores de café de qualidade na região.
A primeira parada foi na propriedade do Sr. Mário José Zardo, em Alto Caxixe, Venda Nova do Imigrante. No local são recebidas várias amostras de cafés capixabas, onde são avaliadas por provadores com a chamada "Q Grader", termo utilizado para certificação internacional concedida a profissionais que classificam e realizam a degustação de cafés.
Os melhores cafés costumam ser adquiridos por Zardo, que os destina à comercialização em forma de grãos ou moído. Uma vez adquiridas, as sacas passam por um rigoroso processo de secagem, torra e seleção.
O café no local leva de 20 a 40 dias para secar dependendo do descascamento. O tipo de secagem, torra, seleção, solo e condições climáticas podem dar ao grão características diferentes e o resultado pode ser surpreendente: cafés com gosto de chocolate, frutado, melaço de cana, amendoado, cítrico e até de salada de fruta.
A esposa do proprietário, Lucineia Zardo, seleciona os grãos que serão comercializados. Com a ajuda da sogra, ela separa os que estão quebrados ou menores para que esses grãos não sejam incluídos no mesmo processo de torra e, portanto, não interfiram no gosto e aroma do café. Juntas, elas chegam a catar 2,5 sacas (150 kg) de grãos de café, por dia.
Para Zardo, a classificação desses cafés é um trabalho de agregação de valor. “Nós somos garimpeiros de cafés especiais. Pegamos as amostras e as provamos na frente do produtor. Se estiver ruim, a gente fala o motivo. Se estiver bom, mostramos o potencial do produto. Se compramos esse café pagamos um valor mais agregado ou saem do estabelecimento com um documento mostrando que o café é bom”, disse.
Edevaldo Costa Longa, profissional “Q Grader” que trabalha na propriedade, chega a provar até 50 cafés por dia. Para ele, o trabalho é sempre em busca de um produto cada vez melhor.
“Hoje a gente olha pensando em qualidade, para poder ajudar o produtor. O que a gente avalia aqui, como um café especial, por exemplo, que obtém uma nota 85 (considerada alta), se ele for para a Alemanha ou Estados Unidos, ele tem que ser também 85. Falamos a mesma língua”.
Na sequência, o secretário Paulo Foletto visitou outras duas propriedades no Caxixe Quente, região do Parque Estadual do Forno Grande, em Castelo.
Na propriedade do Sr. Carlos Alberto Altoé, foi possível observar os tipos de grãos e peneiras utilizadas, além de toda a tecnologia empregada para realizar a torra, suas classificações e as opções de comercialização com uma linha de produtos selecionados na propriedade. Um pacote de 250 gramas pode custar até R$ 20,00. Alguns desses cafés capixabas são colhidos acima de 1.000 metros de altitude e armazenados por 13 meses em uma sacaria especial, que permite o grão “respirar”, impededindo, assim, a sua oxidação.
“A gente conseguiu uma bebida de excelência. Recebemos várias visitas. Nos últimos três meses, aos sábados, pessoas visitam a gente. Públicos de todos os gostos! A gente tenta sempre identificar o gosto da pessoa e apresenta as opções, e geralmente acaba escolhendo por um café de início para se acostumar ao mercado de café especial. Depois é um pulo. Quando ela pula para uma outra opção, a pessoa não volta mais para a anterior. É o processo. Independentemente de consumir nossa marca ou outra aqui da região, esse visitante vai sempre consumir um café diferenciado”, afirmou.
Mulheres do Caxixe
A comunidade do Caxixe Quente, em Castelo, tem 90 famílias e três agroindústrias de café. Também há uma agroindústria de panificação. O secretário Paulo Foletto teve a oportunidade de conhecer a sede dessa agroindústria, que tem quatro anos de existência, fruto do trabalho realizado pela Associação das Mulheres Agricultoras Familiares do Caxixe Quente. No local são processados pelo menos 10 tipos de produtos como: pães, bolos, biscoitos, entre outros. As mercadorias são vendidas na feira da cidade e em outros locais.
Foletto destacou a importância do trabalho desenvolvido na região que é voltado aos cafés de qualidade e sobre a possibilidade de troca de experiências.
“Foi um dia de convivência. Vimos a pujança da produção e da seleção do café capixaba com atestados de qualidade. Temos muitos produtores de café de qualidade com lotes e micro lotes sendo vendidos a R$ 2.600,00 a saca. Temos que expandir esse conceito da qualidade, quero usar esse exemplo no norte do Estado. Temos conversas adiantadas com técnicos do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) para que possamos trocar experiências entre o café arábica e conilon.
Sobre a Associação, Foletto lembrou da importância da inclusão das mulheres na agricultura.
“Elas têm uma grande capacidade de organização e reforçam a necessidade de a Secretaria de Agricultura de sempre incluir nas ações a mulher do campo e o seu trabalho, seja no campo seja na agroindústria de base familiar da pequena agricultura”. Foletto também verificou a situação das estradas e colocou a Secretaria à disposição dos agricultores. “Vim aqui para ver os bons exemplos, o potencial e trazer a ajuda do Estado”, reforçou.
Por fim, o secretário visitou a propriedade do Sr. Eduardo Tozzi para conhecer o trabalho realizado por ele e o avanço na venda de cafés em cápsulas, mercado promissor no País e que alguns produtores, assim como Tozzi, já fazem parte aqui no Estado. Além da produção de arábica e a venda de cafés em cápsulas, Tozzi tem mil pés de café conilon já encomendados por uma grande barista, compradora de cafés, em São Paulo.
Texto - Luciano Vieira
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